| A fantástica fábrica de chocolates da FAZENDA RIACHUELO
 
 As lembranças de infância de Leandro Reis Almeida sobre a  Fazenda Riachuelo têm sabor de diversão, quando ele e os irmãos, Leonardo e  Júlio, corriam em meio às árvores que resistiam à praga da vassoura-de-bruxa,  no interior da Bahia. O amadurecimento dos jovens coincidiu com o resgate e  reestruturação da lavoura. A aposta nas amêndoas de cacau e no Chocolate Premium resultou  em um cenário diferente na Fazenda Riachuelo: hoje são 1.500 hectares de cacaueiros,  maquinário moderno, laboratório de pesquisa e fábrica própria onde é produzida  a Mendoá Chocolates, destaque no Salon du Chocolat, em Paris, e premiada com o  Certificate of Recognition pelo Cocoa Awards (2015).O CACAU COMO TEM QUE SER A fábrica de chocolates nasceu em 2013, com o conceito  “tree-to-bar” – do cultivo à barra. “Acompanhamos toda a cadeia produtiva, com  um controle de perto. Acreditamos que chocolate tem que ter, no mínimo, 40% de  cacau – em vez de ser cheio de açúcar e gordura hidrogenada – para que seja  fonte de saúde e prazer”, destaca o empresário e hoje diretor da Mendoá Leandro  Reis de Almeida. “Nas três linhas – Clássica, Orgânica e Brasilis –, com alto  teor de cacau, não há conservantes, aditivos químicos ou realçadores de sabor.  Usamos ingredientes tropicais, como a castanha-do-pará, coco, café e gengibre,  para sabores diferenciados.”Atualmente são colhidos diariamente cerca de 70 arrobas  de amêndoas do cacau por hectare, em que 15% da produção é destinada à Mendoá,  10% do cacau especial para exportação e os 75% restantes vendidos  para commodity. A fábrica e o laboratório permitem experimentações e os  estudos são contínuos, liderados pelo biólogo Raimundo Mororó, sócio-gerente e  pesquisador chefe da empresa, ex-integrante da Ceplac (Comissão Executiva do  Plano da Lavoura Cacaueira).
 Os chocolates só são liberados para os pontos de vendas –  mais de mil distribuídos em 16 capitais – depois do crivo familiar, que tem  alto nível de exigência. “Somos chocólatras e grandes analistas do nosso  produto”, garante Leandro, cujos filhos e sobrinhos também já brincam em meio aos  cacaueiros.
   Fazenda Riachuelo vista do alto; Leandro Almeida(à dir.), com o irmão Leonardo e o pai Geraldo Almeida
TURISMO RURAL NA MENDOÁ Quem visitar os campos de cacaueiros da Fazenda  Riachuelo, poderá conferir o amarelo vibrante e o vermelho rosado de milhares  de frutos que contrastam com o verde das folhas que molduram a paisagem da  Mendoá Chocolates. Durante a safra, a plantação fica repleta de cacaus, que,  conforme amadurecem, dão novos tons à lavoura, com nuances de alaranjado e  roxo. O cenário ímpar torna a experiência exclusiva àqueles que vão à Fazenda  Riachuelo para conhecer como o chocolate é feito, acompanhar o  processo tree-to-bar – desde a colheita e a aromática torra das  amêndoas até chegar ao produto premium final – e satisfazer as  papilas gustativas direto da fonte da iguaria.Embora no momento o passeio esteja suspenso em  decorrência do novo coronavírus, mas com retomada programada para outubro  próximo, a Fazenda Riachuelo costuma ficar aberta o ano todo, uma vez que  o cultivo de diversas variedades permite a produção contínua. O momento de  maior deslumbre dos turistas é quando caminham pela vegetação nativa e conhecem  o cacaueiro, podendo ver a fruta no pé, colhê-la e até degustá-la in loco.  “Muitas pessoas sequer sabem como é o cacau. Vê-lo na árvore majestosa, em meio  à natureza, e acompanhar o cuidado em todo o sistema é mágico e impactante”,  comenta o sócio-gerente Raimundo Mororó.
 Maior produtora de cacau da região, em Ilhéus (BA), a  Mendoá foi pioneira em abrir os portões e revelar todas as etapas da  fabricação. O que no início atraia pesquisadores interessados na área de  beneficiamento da semente, em 2013, hoje recebe interessados de todo o país e  deu início à rota do cacau. Um guia conta o histórico da fazenda, que foi  reestruturada com avanços tecnológicos e fábrica moderna que a transformaram no  complexo que é hoje. O próprio Mororó comenta aos visitantes sobre as inúmeras  pesquisas e mostra os experimentos feitos, ainda hoje, para chegar a resultados  cada vez melhores.
 O passeio tem duração de duas horas, com passagem pela  fermentação e secagem, onde milhares de amêndoas enchem os olhos curiosos dos  visitantes. As sementes são selecionadas e vão para o laboratório da fábrica,  onde são analisadas e seguem para a torra e moagem dos grãos, que exala o aroma  característico e envolvente que atiça os sentidos, principalmente o paladar. “A  partir daí, os corredores são envolvidos pelo buquê especial de cacau”, aponta  Mororó. A massa se transforma, então, no ingrediente base da Mendoá, que produz  vinte tipos diferentes de chocolates, com, pelo menos, 40% de cacau – chegando  a 100%. Sabores como gengibre, canela, castanha-do-pará, pimenta, coco,  amendoim e café são adicionados.
 No fim do passeio, os participantes degustam chocolates e  bombons recheados de tapioca, cupuaçu, amendoim e maracujá – que podem ser  comprados no local. “É uma experiência única e completa numa verdadeira  ‘fantástica fábrica de chocolate’”, salienta Mororó, em referência ao filme de  mesmo nome. Quando outubro vier, a visita poderá ser feita de segunda a  sexta-feira, em grupos com capacidade limitada de pessoas.
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