| - Ao  adentrar no prédio da Bienal de São Paulo, no Parque Ibirapuera, para conferir  a 32ª edição daquela que é considerada uma das mais importantes manifestações  de arte contemporânea no mundo, tive a prazerosa sensação de estar revivendo  bons momentos passados quando participava de feiras de ciências orgânicas levadas  anualmente pela instituição de ensino onde frequentei durante minha iniciação  educacional. Por certo, nos idos dos anos 1960 não se cogitava questionar a palavra  sustentabilidade ou talvez pensar em preservação ambiental, nem tão pouco a expressão biodiversidade fazia parte do  vocabulário infanto-juvenil. A professora Esther Torres de Araújo, mentora  responsável pela minha formação pedagógica, sabia perfeitamente separar ciência  e arte de uma forma majestosa. A ela cabia instigar a imaginação de cada aluno  para apresentar o melhor trabalho no campo da bioquímica, biologia e física,  entre outros. Passados mais de cinquenta anos, hoje o assunto se repete de uma  forma mais abrangente. Incerteza Viva, concebida como um jardim e tema da edição da mostra em cartaz no  Pavilhão Ciccillo Matarazzo, deve ser apreciada sob a ótica de tempos atrás,  onde a curiosidade infantil desafiava qualquer estudante a apresentar o melhor  trabalho para garantir boa nota no seu currículo escolar. - A  32ª Bienal de São Paulo reúne aproximadamente 340 obras de 81 artistas e  coletivos e procura refletir sobre as possibilidades oferecidas pela arte  contemporânea para abrigar e habitar incertezas. Assim como a arte une o pensar  e o fazer, a reflexão e a ação, como forma para justificar a temática da Bienal 2016,  “é apenas através do encontro dos visitantes com as obras, performances e  programas públicos da mostra ao longo dos próximos meses que a verdadeira  riqueza de Incerteza Viva vai aparecer”, prega seus organizadores. “Hoje, é  papel da Bienal ser uma plataforma que promove ativamente a diversidade, a  liberdade e a experimentação, ao mesmo tempo exercendo o pensamento crítico e  propondo outras realidades possíveis”, sugere o alemão Jochen Volz, curador da  32ª Bienal de São Paulo. |